O que é mais difícil, perdoar ou pedir perdão? Quem pede perdão o faz em contrição. Arrepende-se, reconhece a culpa e aceita a sanção. Se o faz é porque errou e espera a redenção. Quem perdoa o faz em benevolência. Escuta as razões do pedido com deferência, Pondera sobre a questão com paciência E aplica a pena com rigor e sapiência. Pedir perdão requer caráter e humildade. Para perdoar, compreensão e serenidade. A ambos não basta apenas a vontade. É necessário ter compaixão e bondade. Se o suplicante de seu erro não entende a amplitude Cabe ao benevolente lhe explicar em sua plenitude. Mostrar dados, fatos e exemplos, ressaltando a atitude. Mas não pode ignorar o contexto e a eventual virtude. Soma os acertos e subtrai os erros, eis ai o saldo. Atenção é necessária, pois o erro é sempre exaltado. O acerto, não importa o tamanho, pelo erro é ocultado. Dentro do pote de mágoas só cabe o erro fermentado. Para pautar a decisão, o magnânimo monta o seu tribunal. Pode ser composto por poucos ou conter o saber universal. É preciso, porém, ter cuidado para que não seja unilateral, Julgar à revelia, sem direito a defesa e com júri parcial. Fica assim provado que perdoar é mais complexo e denso. Com tantas exigências e mágoas fermentadas, as favas o senso. Mais fácil seguir vozes mal-informadas, de tom sutilmente perverso. Mas pedir perdão é o que nos rogam os desígnios do universo.