Reapareci quase no oitavo dia, mas ainda era o sétimo. Foi no último mês, mas ainda não havia terminado a primeira metade da década de sessenta do vigésimo século.

Não era bissexto, portanto foi no 341º dia do ano. Ou seja, nasci em 8, mas no 7 e para cumprir um 9. Dizem que meu anjo é Yelaiah, para quem acho que, ainda, não dei muito trabalho. Sagitário é a constelação de meu signo, mas nunca entendi bem o tal do ascendente. Só sei que os chineses dizem que tem uma serpente. Se não fiz nenhuma confusão a serpente se enrola na flecha do arqueiro.

Muitos lembram de Pearl Harbor, mas eu prefiro lembrar o que a Wikipedia me ensinou: foi nesta mesma data que Justino II, já praticamente louco de pedra, passou o controle do Império Bizantino para Tibério II. É também a data em que, em 1940, foi criado o código penal brasileiro, ainda em vigor.

Já que não tenho fotografia do recém-nascido, a imagem mais bonita deste dia é de 1972:The Blue Marble. São meus coaniversariantes Chomsky e Roberta Close, Tom Waits e Rosemary, mas o mais legal é o cara do termômetro, o tal de Celsius.

Vivi até os 14 anos no bairro do Cambuci, frutinha interessante que só fui conhecer anos depois e mergulhada em cachaça. Bairro de italianos, pertinho do Centro e da Liberdade, vizinho da chique Vila Mariana e da ainda mais italiana Mooca. Tinha ainda a Aclimação, com seu parque enorme onde ralei vários joelhos e, só uma vez, o nariz. No lago do parque reintroduzimos no meio ambiente um cágado que pegamos sem querer enquanto pescávamos pitu batendo a rede no barranco do Rio do Peixe, no Guarujá, bem antes do Jardim Acapulco poluir, canalizar e fechar o acesso ao rio.

Na José Bento ficava a casa de 2 andares e com uma laje enorme, que cobria a casa toda e servia como aeroporto de papagaios, pipas e pandorgas. Rua curtinha, de duas e meia quadras, entre Independência e Vicente de Carvalho e cortada pelo também prócer do Império e abolicionista Clímaco Barbosa. Nosso eventual parque de diversões e efetivo quartel do Corpo de Bombeiros ficava bem no início.

Estudei do pré-primario (era assim mesmo que se chamava e com hífen) à oitava série (!) no tradicional Colégio Marista Nossa Senhora da Glória. 

Dentro do círculo imaginário entre o Museu do Ipiranga, a Mooca, a baixada do Glicério e o Ibirapuera gastei vários pneus de bicicleta e algumas solas de tênis e havaianas tentando parar a magrela sem breque.