Tarde demais
.

Era um começo de tarde dos meus dezoito anos. Andava com passos leves e despreocupados, cruzando ora com crianças ora com velhos; a minha mente voando solta na brisa quente que perturbava o ar e lhe emprestava um cheiro doce de verão.

Brincava alegremente com a vida, e tão despreocupado estava que não vi a "pedra no meio do meu caminho"; tropecei na paixão e mergulhei meio sem querer, meio sem saber, mas mergulhei de cabeça num buraco sem fim.

No começo eu me sentia leve, voava sem razão e sem direção, apenas voava no doce perfume da paixão.

Mas, de repente, a luz sumiu, eu fiquei perdido e comecei a cair mais rápido; tentava em vão enxergar alguma coisa, mas tudo o que era lindo havia se transformado em escuridão. Eu continuava caindo, e me sentia cada vez mais longe da luz. eu não conseguia entender a razões do coração que, por um pouco de amor, não se importa em explodir.

E fui ficando com raiva, com ódio, pronunciava palavras que não saiam de meu cérebro, dizia coisas sem sentido apenas por não saber o que dizer. Não me importava que na escuridão existia alguém a me ouvir, alguém que pudesse se magoar; o que eu queria era parar de cair.

Quanto mais sem pensar agia, mais escuro ficava, mais rápido eu caia, os séculos se passavam como horas as horas como segundos e, de repente, eu senti a vida escapando de minhas mãos em poucos segundo, como já me havia escapado a razão.

Quando tudo ficou claro novamente eu vi que estava no alto, e o buraco já ia longe; tentei pedir desculpas, tentei me redimir, em vão. Eu havia demorado muito para perceber que, na verdade, estava de olhos fechados.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *